No Dia do Trabalhador Rural, celebrado em 25 de maio, cerca de 350 agricultores familiares fizeram uma manifestação em frente ao Congresso Nacional. Eles são contra a fusão do Ministério do Desenvolvimento Agrário com o de Desenvolvimento Social, promovido pelo presidente interino da República, Michel Temer.
Para a quilombola Maria Nice Machado, de Penalva, no Maranhão, isso foi feito para tirar direitos conquistados pelas minorias. Por isso, defende que os agricultores protestem até que os ministérios voltem a ser independentes.
"Esse povo irresponsável, que quer destruir a nossa vida. Eu quero dizer para vocês que vamos tomar nosso ministério, todos os ministérios que foram excluídos."
Mas a principal reivindicação é a volta de Dilma Rousseff à Presidência da República. O coordenador-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Agricultura Familiar, Marcos Rochinski, diz que não reconhece o governo do presidente interino, Michel Temer.
"Esse governo não tem legitimidade para dialogar com a agricultura familiar porque não é um governo legitimamente eleito pelo povo. Então a principal expectativa que a gente tem em relação ao Congresso é que se reveja esse absurdo, descabido processo de impeachment."
Participaram do ato em frente ao Congresso dois deputados do PT, João Daniel, de Sergipe, e Padre João, de Minas Gerais. Nos discursos, ambos chamaram de "golpe" o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência. João Daniel disse que é preciso continuar resistindo até a votação final do impeachment pelo Senado.
"A presença de vocês aqui representa uma presença de luta, presença daqueles trabalhadores e trabalhadoras que não aceitam esse golpe dado pela direita brasileira contra a classe trabalhadora."
O líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi, de São Paulo, desqualificou as acusações de que o afastamento de Dilma Rousseff seja um golpe, alegando que é uma medida dura, mas prevista na Constituição. Sobre os protestos contra a fusão dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e Desenvolvimento Social, disse que "são legítimos para o fortalecimento da democracia", mas que a decisão de unir as duas pastas não deve ser mudada durante a tramitação da medida no Congresso Nacional.
"Ao diminuir o número de ministérios, ele sinaliza claramente para a redução do gasto público, o que é fundamental para a gente voltar a ter credibilidade na economia. Agora, isso, no meu entendimento, não compromete em nada o sucesso de políticas públicas que o presidente Michel Temer já deixou absolutamente claro que vão merecer do seu governo toda atenção e carinho."
Outra categoria que também se manifestou nesta quarta-feira contra a fusão entre os ministérios de Desenvolvimento Agrário e Desenvolvimento Social foi a dos gestores municipais de assistência social. O principal argumento é que as ações voltadas aos pequenos agricultores não podem ser consideradas como de assistência social.
Reportagem – Ginny Morais da Rádio Agência Câmara
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