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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

CPI da Máfia do Futebol encerra trabalhos sem votação do relatório final

A Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI) da Máfia do Futebol terminou sem votar o relatório final com as conclusões de quatro meses de trabalho. Em uma última tentativa de conseguir mais tempo para a CPI, o presidente da comissão, deputado Laudívio Carvalho (SD-MG), trabalhou para votar requerimento de prorrogação da CPI, mas não houve quórum na sessão da madrugada de quarta-feira (10). Ele atribui ao momento político conturbado o fim da CPI sem documento final. 

Reunião Ordinária. Dep. Fernando Monteiro (PP-PE)"Nós tivemos uma comissão parlamentar de inquérito instalada por 120 dias corridos. Nesse meio tempo, houve a discussão do impeachment da presidente Dilma Roussef, que tomou todas as atenções do Congresso Nacional; o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha; e depois esse chamado recesso branco de quinze dias que ocorreu agora no mês de julho. Tudo isso terminou por prejudicar o andamento da CPI. Houve sessões em que não havia quórum e eu tive que abrir e encerrar essas sessões", lamentou.

Relatório
O relatório da CPI da Máfia do Futebol foi apresentado na segunda-feira (8), um dia do prazo final dos trabalhos. A comissão recebeu diversas denúncias que, segundo o relator, deputado Fernando Monteiro (PP-PE), mostram que as práticas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) privilegiam relações pessoais em detrimento de critérios técnicos de contratação, e incentivam propinas e subornos, prejudicando toda a cadeia futebolística brasileira. 

O texto do relator sugeriu dois projetos de lei. O primeiro pedia mudanças na Lei Pelé, "para tornar mais transparente e democrática a gestão nas entidades esportivas". A segunda proposta tipifica o crime de corrupção privada, ou seja, a corrupção praticada em empresas ou entidades que não são públicas. 

O deputado Fernando Monteiro se diz frustrado por não ver o relatório final aprovado pela CPI. Ele disse que vai se dedicar agora à aprovação dos projetos sugeridos :"Já que estamos passando a limpo o Brasil com novas leis anticorrupção, eu vou me dedicar a isso de agora em diante - criminalizar a corrupção privada que foi o motivo pelo qual nasceu essa CPI. Lutar daqui pra frente, tentar aprovar essa lei que muda toda geografia do futebol e acaba com as agências que fazem intermédio entre CBF e patrocinadores etc".

Monteiro estuda ainda a possibilidade de encaminhar o relatório às autoridades, como o Ministério Público Federal e as polícias federal e estaduais, para que deem continuidade às investigações.

A CPI foi criada para investigar a corrupção na Federação Internacional de Futebol (Fifa). Desvendado por autoridades suíças e norte-americanas, o escândalo levou à prisão dirigentes da entidade, inclusive o ex-presidente da CBF José Maria Marin. 

Nas 16 reuniões da comissão, nem Marin, nem nenhum dirigente da CBF - como o atual presidente, Marco Polo del Nero, e o ex-presidente Ricardo Teixeira - foram ouvidos pelos parlamentares. 

Essa é a segunda comissão parlamentar de inquérito da Câmara sobre o assunto que termina sem relatório aprovado. Entre 2000 e 2001, a Câmara teve uma outra CPI que investigou supostas irregularidades no futebol brasileiro.
Reportagem - Geórgia Moraes
Edição – Luciana Cesar

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