Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados

Comissão de Trabalho realizou audiência para discutir reestruturação que inclui o fechamento de mais de 400 agências
Representantes sindicais criticaram nesta terça-feira (13) a reestruturação do Banco do Brasil, que deve fechar mais de 400 agências pelo País e em que mais de 9.400 funcionários pediram aposentadoria. Já dirigentes do banco defenderam as medidas como necessárias para melhorar a gestão da instituição, durante audiência da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados.
Anunciado em 21 de novembro, o plano prevê o fechamento de 402 agências pelo País e a transformação de outras 379 em postos de atendimento – com atuação focada em empresas e com menos funcionários.
A maioria das agências a serem fechadas está localizada nos estados de São Paulo e Santa Catarina, onde o banco comprou outras instituições financeiras (Nossa Caixa e Besc). A reestruturação também estabelece a ampliação do atendimento digital e a redução da jornada de trabalho.
Mais de 9.400 funcionários decidiram aderir ao plano de aposentadorias incentivadas, com prazo final encerrado na última sexta-feira (9). Segundo o banco, as aposentadorias gerarão uma despesa de R$ 1,4 bilhão neste ano, mas uma redução com pessoal de R$ 2,3 bilhões no ano que vem. O público potencial do programa era de 18 mil pessoas.
Sem transparência
Para o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos de Souza, não ficou clara a motivação por trás da reestruturação. “Estamos só com equacionamento numérico de uma empresa ou pensando o papel social de um banco público em um país como o nosso?”, questionou.
Souza afirmou que o fechamento de agências vai atingir clientes com baixo poder aquisitivo no interior do País, que dependem do banco para conseguir acesso a salário, aposentadoria e incentivo agrícola. "O banco alega que está fechando essas agências por um modelo de agência digital. Ora bolas, a maioria dessas pessoas não têm nem acesso à internet, quanto mais poder de fato abrir uma agência digital”, alertou.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, também reforçou a falta de transparência, em especial na definição das agências a serem fechadas. “A gente não tem conhecimento de fato para saber quais foram os critérios. As escolhas não têm justificativa do ponto de vista comercial.”
Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados

Daniel Almeida: transformação de agência em posto de atendimento dificultará a vida de correntistas
Pequenos municípios
O diretor de Gestão de Pessoas do banco, José Caetano Minchillo, afirmou que não foram fechadas agências em municípios em que só havia uma (em alguns casos, as agências foram transformadas em postos de atendimento). “Nossa presença no País está garantida, através de uma agência ou de um posto de atendimento", disse. Segundo ele, a reorganização da empresa busca eficiência operacional e melhores condições de trabalho e está atenta aos clientes.
Para o diretor de Estratégia e Organização do banco, Carlos Netto, é importante ressaltar o foco na identidade de um banco de mercado com espírito público. “Temos responsabilidade imensa por termos acionistas minoritários, além do Tesouro como acionista majoritário.”
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), autor do requerimento para realização da audiência pública desta terça-feira, afirmou que a transformação de agência em posto de atendimento dificultará a vida de correntistas do banco. “Muitos municípios no interior só têm uma agência bancária. Vai se transformar em um posto de atendimento, que não tem as mesmas atribuições, a mesma autonomia que tem uma agência”, criticou.
Almeida e a deputada Erika Kokay (PT-DF) defenderam a realização de mais uma audiência sobre o tema para discutir a repercussão na sociedade das medidas tomadas pelo banco. O debate deve ficar para o início de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário